sábado, 21 de agosto de 2010

A Associação Brasileira de Psiquiatria inicia ciclo de palestras gratuitas sobre saúde mental na infância para professores da rede pública

Programação do ciclo de palestras em saúde mental da Associação Brasileira de psiquiatria destinada a professores da rede pública de ensino do Ceará
Nos próximos meses de agosto, setembro e outubro de 2010 a ABP Comunidade vai disponibilizar  palestras gratuiatas sobre saúde mental na infância e na adolescência destinadas aos professores da rede pública de ensino de escolas municipais e estaduais do Ceará. O local escolhido para este ano foi o Auditório SESI Barra, na Avenida Francisco Sá, 6623, Barra do Ceará – Fortaleza. No dia 23 de outubro, os pais de alunos também serão recebidos.

 A ABP Comunidade é um braço da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) que, desde a sua crição em 2004, vem realizando o seu papel de informar pacientes e familiares da comunidade brasileira sobre os principais transtornos, síndromes e doenças relacionadas à saúde mental. Ela se propõe a discutir os temas mais importantes da psiquiatria e da saúde mental como fator social e cultural, esclarecer dúvidas e publicar notícias que possam ajudar as pessoas, enfrentando as discriminações por meio do Projeto Discriminação e o estigma dos Doentes Mentais objetivando uma melhor qualidade de vida para todos.

Programação das palestras

28 de agosto – das 8h às 13h
Saúde Mental e Estigma
Dr. Marco Antonio Brasil

11 de setembro – das 8h às 13h
Saúde Mental na Infância
Dra. Tatiana Moya

25 de setembro – das 8h às 13h
Principais Transtornos na Infância
Dra. Heloisa Brasil

23 de outubro – das 8h às 13h
Dependência Química
Dr. João Carlos Dias

(Palestra para familiares - Essa sessão será para pessoas que receberão convites dos próprios professores que participaram do curso. Cada professor poderá retirar convites ao longo do curso e distribuir pra outros professores, pais de alunos ou familiares)

23 de outubro – das 15h às 18h
Saúde mental (com ênfase em depressão, ansiedade e dependência química)
Dr. Luiz Alberto Hetem

Fontes: Site da ABP Comunidade

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Anorexia nervosa também ocorre em meninos

A anorexia nervosa, um transtorno alimentar grave, cujas principais características são a recusa do indivíduo portador em manter o peso acima de um mínimo adequado, a percepção distorcida do corpo e a presença de alterações alimentares significativas, também acomete meninos.
Muitas vezes, por se pensar equivocadamente que se trata de uma doença exclusiva do sexo feminino, o diagnóstico em meninos é tardio.

Epidemiologia
Um estudo epidemiológico inglês mostrou que a incidência (número de casos novos) de anorexia nervosa em meninos foi de 0,2 em 100.000 e a proporção meninos/meninas foi de 1:40. Trata-se, portanto, de uma doença rara nos adolescentes do sexo masculino. Esta é uma das principais razões de existir poucos dados sobre o tratamento e a evolução da anorexia nervosa nesta população. Em serviços de referência de tratamento de transtornos alimentares, os meninos são cerca de 8 a 10% do total de adolescentes com anorexia nervosa. Eles parecem ter uma

"Shrek Para Sempre" - emoção e diversão com a crise do homem de família moderno


Importante: caso você não tenha assistido este filme ainda, não leia este post pois ele vai abordar a narrativa e pode estragar a surpresa da história!

"Shrek Para Sempre", o quarto e último filme da seqüência Shrek, é um programa de primeira qualidade, tanto para adultos em geral, quanto para crianças. Estreou no dia 9 de julho no Brasil para ser um dos bons programas das férias da garotada. O filme é uma animação da DreamWorks e tem a opção de ser visto em 3D, um recurso que realmente torna a experiência ainda mais divertida.

"Shrek Para Sempre", assim como os outros filmes da série, apesar de ser um conto de fadas, aborda de forma divertida questões muito presentes na vida real. No 4o. filme da série, o foco central é o quão estressante e descaracterizante para o homem pode ser a vida em família caso ele não encontre um tempo para si. E o quanto isso pode ter um preço alto.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Estudo inédito mostra taxa aumentada de suicídios em jovens asmáticos

Um estudo recém-publicado no American Journal of Psychiatry, periódico científico de renome, mostrou que jovens asmáticos cometem mais suicídio quando comparados aos seus pares sem o quadro.

Trata-se de um estudo populacional longitudinal em Taiwan, onde foram recrutados de outubro de 1995 a junho de 1996, 162.766 adolescentes de 11 a 16 anos de idade. Cada adolescente participante, assim como os seus pais, preencheram questionários estruturados. No início do estudo, os adolescentes foram classificados em três grupos: (1) asma atual (sintomas presentes no último ano), (2) asma prévia (história de asma, mas sintomas ausentes no último ano) e (3) sem asma. Os participantes foram seguidos até dezembro de 2007 pelo registro no Sistema Nacional de Cerificação de Óbito.

sábado, 15 de maio de 2010

Saúde mental da criança com asma e seu cuidador

A asma é uma doença reativa reversível das vias aéreas (curso em crises), desencadeada por diversos gatilhos, entre eles, gatilhos imunológicos, infecciosos, fisiológicos e emocionais. Trata-se da doença crônica mais prevalente na infância e afeta mais de 5 milhões de crianças nos Estados Unidos.
Alguns estudos mostram que crianças com asma grave que apresentem comprometimento funcional persistente e necessitem de múltiplas medicações, inclusive corticosteróides, para controlar os seus sintomas, apresentam um risco maior de manifestarem distúrbios emocionais.

Causa da asma
Trata-se de uma condição herdada, cuja expressão envolve múltiplos genes de suceptibilidade. A atopia (alergias) é o fator predisponente mais identificado. Exposição a fumaça de cigarro (tabaco), especialmente

domingo, 25 de abril de 2010

Por dentro da Síndrome de Asperger com "Mary e Max"

Para quem deseja aprender um pouco mais sobre a condição do portador da Síndrome de Asperger (um transtorno invasivo do desenvolvimento, quadro do espectro autístico) e ao mesmo tempo usufruir uma produção australiana de altíssima qualidade não pode perder a animação longa-metragem "Mary e Max - Uma amizade diferente", em cartaz nos cinemas. O filme é uma produção de 2009 mas só entrou em cartaz este mês no Brasil, é dirigido e escrito por Adam Eliot e já foi o vencedor de alguns prêmios (o "Annecy Cristal" do Annecy International Animated Film Festival, em junho de 2009; a melhor animação no Asia Pacific Screen Awards, em novembro de 2009).

O filme é ambientado entre 1976 e 1998 e conta uma história comovente de amizade cultivada através da troca de cartas entre Mary Dinkle, uma menina solitária de 8 anos que vive num subúrbio de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos que sofre de compulsão alimentar, obesidade grave, síndrome de Asperger, mora em Nova Iorque, é judeu e ateu.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Minha depressão pós-parto

Este é o relato de A. sobre a sua experiência com uma depressão pós-parto para o espaço Compartilhando do blog Tudo Sobre Saúde Mental (veja aqui como participar):

"Tive uma gravidez plena. Meu filho foi programado, desejado e muito querido. Entrei na sala de parto e observei à minha obstetra que eu não havia tomado sequer um Tylenol durante toda a gestação. Meu filho nasceu de parto normal, sem qualquer intercorrência, absolutamente saudável e com apgar 9 e 10. Poucas horas depois, devido a um sangramento intenso, tive que ir para o centro cirúrgico para conter a hemorragia, o que resultou numa anemia aguda e a necessidade de receber transfusão de sangue. Acabei ficando 6 dias na maternidade, apesar de ter tido parto normal. Nunca imaginei que anemia causasse um cansaço tão grande, de tal maneira que só consegui dar banho no meu filho quando ele tinha 15 dias de vida.

Não sei como conseguia amamentá-lo, e ele crescia visivelmente. Mas após cerca de 1 mês de vida, comecei a me sentir triste, o cansaço aumentava pela privação de sono e percebi que meu leite diminuía, o que talvez tenha feito ele começar a dormir pior, e tornar as minhas madrugadas longas e insones. Notei também que fiquei completamente inapetente, e a vontade e disposição para tomar água havia reduzido sensivelmente, o que certamente dificultava ainda mais a amamentação e me causava uma certa preocupação.

Inauguração do espaço 'Compartilhando' no blog

A possibilidade de aprendizagem com a experiência alheia em determinada situação, tarefa ou tema sempre foi algo relevante na história da humanidade. Não é à toa que muitas gerações contaram com a passagem da experiência de pais para filhos, durante séculos, seja no aprendizado de uma profissão, no desenvolvimento de dotes culinários ou até mesmo no auxílio de uma mãe de primeira viagem no cuidado do seu primeiro bebê. Enfim, a experiência do próximo sempre pôde e pode ajudar muito.

Quando a questão é saúde mental, a situação não é diferente. Ao enfrentamos um problema desta natureza pode ser muito confortante e produtivo ouvir o relato de alguém que já passou ou passa por uma questão semelhante. Em primeiro lugar, ao termos a chance de contato com o outro experiente, percebemos que não somos os únicos a enfrentarmos a situação, além de podermos tirar proveito prático da experiência alheia com o problema. Quem já sofreu uma intercorrência de saúde mental tem uma oportunidade maior de entender o problema e colocá-lo em perspectiva, até mesmo porque esta pessoa esteve "dentro do olho do furacão". Adicionalmente, este indivíduo também tem uma possibilidade grande de despertar a empatia de quem passa por uma situação semelhante, já que o seu relato é tecido pela experiência própria. Outro ponto relevante é que o indivíduo que já sofreu um problema de saúde mental pode ter desenvolvido instrumentos que podem, em muito, tê-lo auxiliado a enfrentar e sair da situação. Porque então não dar voz a estas pessoas que têm tanto a oferecer?

quarta-feira, 31 de março de 2010

Uma leitura para viver de bem com o seu cérebro


Recentemente um paciente me presenteou com um exemplar do livro "O cérebro nosso de cada dia" da autora Suzana Herculano. Comecei a ler o livro sem compromisso e tive uma grata surpresa. Trata-se de um livro que aborda a importância de coisas básicas na vida - como uma boa noite de sono, dar e receber carinho, etc - para cultivarmos o nosso bem-estar. E cada uma das dicas vem acompanhada de uma explicação científica acessível ao leigo de como o cérebro funciona e do porque o ato recomendado nos faz bem. Uma leitura imperdível para muitos: desde dos interessados nas descobertas científicas do funcionamento cerebral até aqueles que querem, simplesmente, viver melhor.

domingo, 7 de março de 2010

Material de auto-ajuda para pais e familiares de crianças com transtorno afetivo bipolar

Caso você tenha um filho ou uma criança na família com transtorno afetivo bipolar (TAB), saiba que já existe disponível uma série de materiais informativos e de auto-ajuda de muita qualidade na área. Um deles é o livro do autor Boris Birmaher "Crianças e Adolescentes com Transtorno Afetivo Bipolar". Birmaher é pesquisador de renome internacional especialista no campo que optou por produzir um livro direcionado ao público leigo dando informações sobre TAB na infância. Trata-se de um livro muito útil.

Outra fonte preciosa de informação é o site em língua inglesa http://www.bpkids.org/ da Child & Adolescente Bipolar Foundation (CABF). Neste site é possível encontrar informações para pais, familiares, artigos direcionados para adolescentes portadores e também para profissionais da área (artigos, guidelines, etc).

Também existe a Associação Brasileira para Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afeitvos - a ABRATA - cujo link encontra-se na barra lateral esquerda deste blog. A Abrata fornece também material informativo sobre TAB em seu site e encontros regulares com especialistas na área.

Informar-se é um dos importantes recursos que está ao seu alcance para ajudar o seu filho ou familiar a controlar este quadro. Também pode te dar os instrumentos necessários para ajudar a sua criança a enfrentar este problema de frente e conhecê-lo a fundo.
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As informações divulgadas neste blog não substituem aconselhamento profissional. Antes de tomar qualquer decisão, procure um médico.

Como se faz o diagnóstico de transtorno afetivo bipolar na infância

Até alguns anos atrás acreditava-se que o transtorno afetivo bipolar (TAB) - um transtorno do humor onde o portador pode sofrer fases de depressão, de euforia e/ou irritação - não ocorria em crianças. No entanto, pesquisas na área da psiquiatria da infância e da adolescência têm mostrado não só que este quadro pode estar presente em crianças como, se não tratado e diagnosticado precocemente, pode evoluir para um quadro grave, altamente incapacitante e com repercussões muito negativas para a criança, para a família e para a sociedade.


Prevalência

A ocorrência de transtorno afetivo bipolar (TAB) em crianças e adolescentes parece estar em torno de 0 a 0,6. Já a ocorrência de TAB em adolescentes parece ser similar a aquela em adultos e está em torno de 1,5%. Crianças filhos de de pai ou mãe com TAB tem um risco mais alto de desenvolver um problema de humor e apresentam um risco de cinco vezes maior de desenvolver um TAB que aquelas filhos de pais sem o diagnóstico.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Minha filha tem um transtorno alimentar. E agora?

Muitos pais ao terem a filha (ou filho) diagnosticado com um transtorno alimentar são invadidos por um turbilhão de sentimentos que incluem medo, sentimento de culpa, insegurança, raiva, entre outros. Não é incomum pais perguntarem "Doutora, onde foi que erramos?" ou mesmo chegarem ao consultório médico sem saber por onde começar para ajudar a filha a superar o transtorno alimentar. Sem saberem como agir e como abordá-la, muitos acabam acompanhando o quadro a distância, sentindo-se culpados e achando que o melhor é manter o distanciamento, quando já existem evidências científicas de que a melhor postura é justamente a contrária a esta.

Em primeiro lugar é importante ressaltar que, apesar da família poder contribuir para a causa ou mesmo a manutenção de um transtorno alimentar, os pais não podem ser considerados a causa primária  ou mesma exclusiva do transtornos alimentar em suas filhas. A própria Academy for Eating Disorders (AED, uma academia internacional que reúne especialistas do mundo todo) publicou recentemente um artigo de posicionamento reafirmando a não culpabilidade exclusiva da família na gênese do transtorno alimentar e a importância de sua participação no processo de cura (clique aqui para ler artigo do blog sobre o posicionamento da AED). Os transtornos alimentares são considerados quadros de causas múltiplas que se combinam para gerar a doença e podem envolver fatores genéticos, ambientais e/ou familiares na sua origem.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Crianças com autismo podem ter risco igual ou maior que população geral para obesidade

Um estudo publicado em fevereiro de 2010 no periódico científico BMC Pediatrics chegou a conclusão de que crianças portadoras de autismo podem ter risco igual ou até mesmo maior que a população geral para obesidade. O estudo foi realizado com os dados do National Survey of Children's Health 2003-2004(NSCH), conduzido nos EUA, com crianças e adolescentes de 3 a 17 anos.

Os resultados mostraram que a prevalência de obesidade em crianças com autismo foi 30,4% enquanto que nos pares sem o quadro a prevalência foi de 23,6%. Segundo os autores do estudo, estes resultados mostram que crianças e adolescentes com autismo apresentam, ao menos, o mesmo risco para obesidade que crianças sem o quadro, no entanto, este risco pode ser até maior que o da população geral. Como o número de crianças autistas no estudo é pequeno, não se pode concluir que o risco de obesidade é realmente maior, mas pode-se se dizer que é, no mínimo, igual.


Fatores de risco para obesidade nos portadores de autismo

Fatores de risco que podem estar contribuindo para crianças e adolescentes portadores de autismo manifestarem esta tendência a obesidade são aqueles relacionados a um padrão atípico de atividade física e alimentação nesta população, como:

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Paroxetina pode diminuir eficácia do tamoxifeno no tratamento de câncer de mama

Um estudo populacional prospectivo realizado com mulheres portadoras de câncer de mama e sendo tratadas com tamoxifeno em Ontário, no Canadá, publicado em fevereiro de 2010 no British Medical Journal, revelou que o uso concomitante com o antidepressivo paroxetina aumentou o risco de morte por câncer de mama nestas mulheres. Este resultado se deve, provavelmente, ao fato de a paroxetina inibir a enzima hepática CYP2D6, que tem um papel crítico na ativação metabólica e na efetividade clínica do tamoxifeno. É importante ressaltar que o estudo não encontrou este risco com outros antidepressivos.

O tamoxifeno é uma medicação utilizada há três décadas no tratamento de câncer de mama. Trata-se de um modulador seletivo do receptor de estrogênio. Ele é metabolizado no fígado pelo sistema de enzimas do citocromo P450 isoenzima 2D6 (CYP2D6) para produzir os metabólitos ativos, ou seja, aqueles responsáveis pelo efeito terapêutico do tamoxifeno. Em mulheres com câncer de mama em estágio inicial com tumor positivo para receptores de estrogênio, o uso de tamoxifeno reduz o risco de recorrência do câncer para a metade e o risco de morte pelo mesmo para um terço. Esses benefícios são independentes da quimioterapia, idade ou das características do tumor.

A paroxetina, por sua vez, é um antidepressivo da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, largamente utilizada no tratamento de quadros depressivos e ansiosos em todo o mundo. Ela é um potente inibidor da enzima CYP2D6, a mesma enzima que é fundamental na ativação metabólica do tamoxifeno. Cerca de 25% dos portadores de câncer de mama acabam sofrendo um quadro depressivo. Desta forma, esta população recebe com muita freqüencia a prescrição  de novos antidepressivos e, muitas vezes, fazem uso concomitante de tamoxifeno. Assim sendo, os autores do estudo consideraram de grande importância conhecer o impacto do uso de antidepressivos na evolução desta população.

Para esta avaliação, o estudo realizado foi do tipo coorte (prospectivo) e acompanhou 2430 mulheres que viviam em Ontário, Canadá, com 66 anos ou mais, tratadas com tamoxifeno para câncer de mama. O resultado encontrado foi extremamente importante: o antidepressivo paroxetina durante o tratamento com tamoxifeno para câncer de mama esteve associado a um risco maior de morte, o que reforça a hipótese de que a paroxetina pode reduzir ou até mesmo abolir os benefícios do tamoxifeno em mulheres portadoras de câncer de mama. Este risco não foi encontrado para outros antidepressivos.

Fontes: (1) Artigo científico Selective serotonin reuptake inhibitors and breast cancer mortality in women receiving tamoxifen: a population based cohort study, disponível na íntegra no site do BMJ. Referências artigo: Kelly CM, Juurlink DN, Gomes T, Duong-Hua M, Pritchard KI, Austin PC, Paszat LF.Selective serotonin reuptake inhibitors and breast cancer mortality in women receiving tamoxifen: a population based cohort study.BMJ. 2010 Feb 8;340:c693. doi: 10.1136/bmj.c693.; (2) Artigo "Antidepressivo reduz ação de remédio contra câncer, publicado no carderno Sáude da Folha de São Paulo, 3a. feira, 16 de fevereiro de 2010.
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sábado, 13 de fevereiro de 2010

Estudo americano identifica "idade de virada" para crianças com excesso de peso e obesidade

Um estudo americano retrospectivo, a ser publicado no periódico científico Clinical Pediatrics, baseado na revisão das curvas de peso de 184 pacientes com sobrepeso, obesidade ou ganho excessivo de peso entre 2 e 20 anos, encontrou que metade do grupo já apresentava sobrepeso antes mesmo dos 2 anos de idade. Este estudo indica que o período crítico para a prevenção de obesidade neste grupo de pacientes deve começar antes mesmo dos 2 primeiros anos de vida e, para alguns, por volta dos 3 meses de idade.

Segundo o coordenador do estudo, John Harrington, da Eastern Virginia Medical School, os resultados devem chamar a atenção dos médicos. “Fazer com que pais e crianças mudem hábitos arraigados é um desafio monumental, repleto de decepções. O estudo indica que pode ser necessário discutir ganho de peso inapropriado no início da infância para que haja uma redução significativa na atual tendência de obesidade”, diz ele.

Apesar de as razões para o ganho de peso excessivo na infância e adolescência ainda não serem conhecidas, os especialistas na área afirmam que alguns fatores que contribuem para isso são uma dieta inadequada, a introdução de alimentos a bebês muito cedo e a falta de exercício.

Fontes: (1) Harrington JW, Nguyen VQ, Paulson JF, Garland R, Pasquinelli L, Lewis D. Identifying the "Tipping Point" Age for Overweight Pediatric Patients. Clin Pediatr (Phila). 2010 Feb 11. [Epub ahead of print]; (2) Artigo Tendência à obesidade costuma ser definida antes dos 2 anos, diz estudo (site da BBC Brasil); (3) Artigo Estudo diz que tendência à obesidade costuma ser definida antes dos 2 anos (site O Globo).
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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Papel da família nos transtornos alimentares: posicionamento de academia internacional

A Academy for Eating Disorders (AED), academia internacional que reúne pesquisadores e clínicos especialistas em transtornos alimentares em todo o mundo, publicou na revista científica International Journal of Eating Disorders (IJED), em janeiro de 2010, um artigo a respeito do seu posicionamento em relação ao papel da família nos transtornos alimentares.

É posição da AED que, embora aspectos familiares possam exercer algum papel na gênese e manutenção dos transtornos alimentares, o conhecimento científico atual refuta a idéia de que eles são os mecanismos exclusivos ou mesmo primários nos fatores de risco para a doença. Desta forma, a AED se posiciona de forma categórica contra qualquer modelo causal de transtorno alimentar na qual a influência familiar é vista como a causa primária da anorexia ou bulimia nervosa, além de condenar afirmações generalizadoras que sugerem a culpa da família na doença de suas crianças. Além disso, a AED recomenda que as famílias sejam incluídas no tratamento de pacientes mais jovens portadoras de transtornos alimentares, já que esta prática aumenta as chances de sucesso do tratamento.

Fonte: le Grange D, Lock J, loeb K, Nicholls D. Academy for Eating Disorders Position Paper: The Role of the Family in Eating Disorders. International Journal of Eating Disorders, 2010. 43,1:1-5.

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Já estão disponíveis para exame do público os critérios diagnósticos de Transtornos Mentais do DSM-5

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, conhecido pela sigla "DSM", está sendo reexaminado para o lançamento da sua versão número 5 (DSM-5), programada para maio de 2013. No entanto, um draft do que seria esta versão já está em exposição no site norte-americano da Associação Americana de Psiquiatria (American Psychiatric Association - APA) para que o público posso emitir a sua opinião e sugestões a respeito dos critérios propostos. 

O DSM é utilizado em todo o mundo, tanto por profissionais quanto por pesquisadores, para orientar e uniformizar o diagnóstico dos transtornos mentais. Os critérios da sua nova versão, o DSM-5, estão expostos no site da APA para que clínicos, pesquisadores, administradores, pacientes e familiares emitam suas opiniões e sugestões. Isso poderá ser feito até o próximo dia 10 de abril de 2010.

Alguns dos novos critérios diagnósticos já estão gerando uma certa polêmica entre os especialistas como, por exemplo, a supressão dos subtipos "purgativo" e "não purgativo" no diagnóstico da bulimia nervosa. Também não são considerados mais métodos compensatórios diagnósticos na bulimia nervosa aqueles não purgativos (como prática excessiva de atividade física ou jejum prolongado), fato que muitos profissionais especialistas em transtornos alimentares estão criticando. No entanto, como a nova versão ainda está disponível apenas na forma de draft, existem possibilidades de mudanças para que seja produzida a versão final.

Fonte: site da American Psychiatric Association

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terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Depressão pós-parto: estar atento e prevenir é o melhor remédio

A depressão pós-parto (DPP) é uma enfermidade que acomete cerca de 13% das mulheres após o nascimento do bebê e, se não tratada, pode trazer prejuízos importantes em todas as esferas: pessoal, familiar, no casamento e no desenvolvimento do bebê. Desta forma, é necessário estar atento e fazer o possível para previnir este grande mal.

A principal  forma de prevenção da DPP é o rastreamento e identificação de fatores de risco (fatores que predispõem a mulher a manifestar o quadro) pré-natais e no pós-parto imediato para que seja possível iniciar o tratamento do quadro o mais cedo possível. Pesquisas na área mostraram que os principais fatores de risco para a mulher desenvolver DPP são:
* mãe jovem
* não ter parceiro
* divórcio
* múltiplos estressores na vida
* poucos recursos sociais e econômicos
* histórico de depressão ou algum outro problema de humor na mãe
* presença de depressão durante a gestação

No entanto, é importante ressaltar que a presença dos fatores de risco supra citados só é capaz de identificar cerca de 30 a 40% das mulheres que vão desenvolver DPP. Adicionalmente, mulheres que são tratadas com antidepressivos de forma crônica antes de engravidar podem se beneficiar e previnir o quadro sendo tratadas com a associação de medicação antidepressiva e psicoterapia mesmo durante a gestação e no pós-parto.

Desta forma, na prática, a única intervenção que parece ser efetiva para mulheres com DPP é o reconhecimento precoce e o tratamento imediato da DPP no período pós-parto. É em função deste dado que é tão importante os profissionais de saúde que assistem a mãe estarem atentos e bem informados.

Fonte: Artigo "Postpartum Depression: Prevalence and Considerations in Screening" , de Barbara P. Yawn (publicado no site www.femalepatient.com ).
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sábado, 6 de fevereiro de 2010

Revolução na medicina: paciente em estado vegetativo se comunica utilizando ondas cerebrais/ Reuters

Um homem de 29 anos que tem estado inconsciente desde um acidente de carro em 2003 com traumatismo craniano grave, foi capaz de se comunicar através de método envolvendo um escaner cerebral (ressonância magnética funcional) desenvolvido por pesquisadores belgas e britânicos. Os achados são revolucionários e podem mudar os cuidados médicos para alguns paciente em estado vegetativo daqui para frente.

Essa comunicação se estabeleceu através de perguntas cujas respostas eram do tipo sim/não e eram dadas com o paciente mudando o seu pensamento propositalmente. Segundo Adrian Owen, co-autor do estudo do Medical Research Council, eles ficaram surpresos com os resultados. Não só a pesquisa mostrou que o paciente não estava em estado vegetativo, como possibilitou, pela primeira vez em 5 anos, que ele se comunicasse com o mundo externo. Especialistas dizem que todos os pacientes em estado comatoso devem ser reavaliados e que isso pode mudar a forma como os mesmos são cuidados no futuro.

Allan Ropper do Brigham and Women's Hospital em Boston diz que o estudo sugere que o escaner cerebral é um dentro os testes que os médicos podem utilizar em pacientes que se recuperam do coma mas que permanecem inconscientes. Também salientou que a ativação cerebral foi detectada em poucos pacientes que tinham sofrido traumatismo craniano e não em casos que o cérebro tinha sofrido danos por privação de oxigênio como um todo.

Fonte: Artigo "Vegetative patient talks using brain waves Reuters" (Reuters).
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Shakes para emagrecer podem causar mal à saúde

Estudo da Pro Teste, da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, publicado em fevereiro de 2010, mostra que fórmulas a base de shakes, largamente utilizadas pela população como ferramenta para emagrecer, podem fazer mal a saúde, podendo causar problemas como perda de massa muscular e queda de cabelo em conseqüência da deficiência nutricional resultante.

A pesquisa coordenada pela nutricionista Manuela Dias mostrou que shakes podem até ser utilizados para substituir um lanche, mas não uma grande refeição. Eles não apresentam um balanço nutricional, possuem alto teor de proteína (32%, quando o ideal é que não se ultrapasse 10 a 15%), baixo teor de energia (de 190kcal a 230 kcal, quando já misturados com leite), além de não apresentarem quase gordura alguma. Para utilizá-los de forma apropriada, só com o auxílio de um nutricionista. Os shakes analisados foram o Bio Slim, Diet Shake, Diet Way, Herbalife e In Natura. Os produtos seguem legislação específica e estão dentro das normas, mas não são balanceados, saudáveis.

Outros problemas sérios foram encontrados: o Diet Shake e o Herbalife não apresentam informações importantes em sua embalagem como a data de fabricação e, o último, não apresenta o prazo de validade depois de aberto.

Fontes: (1) Artigo "Falta balanço aos shakes" da revista Proteste 88, publicada em fevereiro de 2010, pág. 8-11.; (2) "Shake para emagrecer: falta balanço" (site da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor); (3) Matéria "Shakes usados para emagrecer podem fazer mal" do caderno Ciência do jornal O Globo de 3a. feira, 2 de fevereiro de 2010.
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Estudo inglês relaciona vício em internet com depressão

Uma pesquisa conduzida na Grã-Bretanha aponta ligação entre o vício em internet e depressão

Um estudo realizado na Universidade de Leeds, publicado na revista científica Psychopathology, mostrou que entre os 1.319 entrevistados, 1,2% usavam de forma exagerada a internet, prejudicando outras áreas de suas vidas.

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo encontrou que essas pessoas, consideradas pelos estudiosos como viciadas em internet, eram cinco vezes mais deprimidas do que os usuários que não foram classificados como viciados.

Os cientistas afirmaram, porém, que não podem dizer que um problema necessariamente causa o outro e ressaltaram que a maioria dos internautas não apresenta transtornos de saúde mental. Como trata-se de um estudo do tipo transversal, não se sabe o que vem primeiro: se pessoas deprimidas são mais atraídas pela internet ou se internet causa depressão. Pesquisas adicionais são necessárias para esclarecer esta questão.

Recrutamento dos voluntários para a pesquisa

Os 1.319 voluntários participantes da pesquisa ocorreu através de sites de relacionamento e apresentaram entre 16 e 51 anos de idade (e idade média de 21 anos). Os pesquisados tinham que responder a um questionário online no qual eram questionados a respeito de quanto usavam a internet e quais eram os motivos. Também foram feitas perguntas sobre depressão.

Os autores do estudo classificaram 18 dos voluntários, 1,2% do total, como viciados em internet. Este grupo passou, proporcionalmente, mais tempo em páginas sobre sexo, jogos de azar e comunidades online. A pontuação deste grupo para sintomas depressívos mostrou níveis moderados a graves de depressão.


Metodologia questionável

Os críticos da pesquisa relatam que o vício em internet não pode ser diagnosticado de forma confiável com os métodos utilizados e a forma de recrutamento de pesquisados também podem produzir uma amostra com viéses.

Fontes: BBC Brasil, site Associação Brasileira de Psiquiatria
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A importância do sono dos pequenos

Problemas crônicos de sono podem ter impacto negativo no funcionamento da criança e da família. Tanto a qualidade quanto a quantidade adequada de sono da criança são fundamentais pois geram conseqüências no seu funcionamento físico, emocional, cognitivo e social. Além disso, problemas de sono podem exacerbar transtornos médicos, psiquiátricos e de desenvolvimento do pequeno.

Crianças e adolescentes com sono inadequado podem apresentar sonolência diurna excessiva, cansaço, dificuldade de concentração e aprendizado e mal humor.

Desta forma, é preocupante o dado de que as crianças hoje em dia não estão dormindo o suficiente. A tabela ao lado, produzida com os resultados do estudo Sleep in America de Polls 2004 e 2006, mostra as horas de sono que crianças e adolescentes estão tendo comparado com aquilo que elas deveriam ter. Fatores da atualidade como a menor supervisão dos pais, violência, envolvimento excessivo das crianças em atividades acadêmicas, sociais e atléticas, rotina de trabalho dos pais, interferência de itens de mídia (como televisão, internet, vídeo games e celulares), são conflitantes com uma quantidade suficiente de sono e até mesmo com a qualidade do mesmo.

Neste contexto, o desenvolvimento daquilo que se denomina uma "higiene do sono adequada" é fundamental. Higiene do sono é um conjunto de comportamentos e condições que promovem qualidade e quantidade adequadas de sono. A lista a seguir ilustra as áreas que devem ser alvo de melhora para o desenvolvimento de hábitos de sono saúdáveis:
  • temperatura, luminosidade e nível de ruído do quarto da criança (deve ser fresco, escuro e quieto)
  • o quarto deve conduzir a criança ao sono (A criança divide o quarto com alguém? Divide a cama? Tem mais alguém no quarto acordando a criança durante a noite? O quarto é seguro?)
  •  evite cafeína no final da tarde ou a noite
  • exercício físico (é bom durante o dia, mas deve ser evitado a noite antes de dormir)
  • demandas acadêmicas, sociais e vocacionais (minimize a interferência com o horário de sono)
  • restrinja os eletrônicos no quarto (por exemplo, televisão, computador, telefone celular ou mensagem de texto) no horário de dormir
  • O que a a criança pensa enquanto tenta dormir? Alguma preocupação específica?
  • Existe uma rotina consistente para deitar-se e dormir? A criança vai para a cama e se levanta a mesma hora todos os dias?
  • Coloque o bebê/criança no seu berço/cama sonolento porém não dormindo, para que eles possam aprender a dormir sozinhos
O primeiro passo para tratar uma higiene do sono inadequada na criança é educar tanto pai quanto criança sobre hábitos saudáveis em níveis de desenvolvimento apropriados, inclusive para a criança (a explicação para a criança tem que ser compreensível, de acordo com a idade). A importância do tempo suficiente de sono e da rotina consistente do mesmo devem ser enfatizados, além de se discutir as possíveis conseqüências maléficas da privação de sono.

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Fontes: (1) National Sleep Foundation. Sleep in America. Poll 2004. Washington DC: National Sleep Foundation, 2004.; (2) National Sleep Foundation. Sleep in America. Poll 2006. Washington DC: National Sleep Foundation, 2006; (3) Moore M, Allison D, Rosen C. A Review of pediatric nonrespiratory sleep disorders. Chest 2006:130:1252-62.
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As informações divulgadas neste blog não substituem aconselhamento profissional. Antes de tomar qualquer decisão, procure um médico.

sábado, 30 de janeiro de 2010

O pai e a depressão pós-parto

Aproximadamente um a cada 10 a 15 pais terão uma parceira com depressão pós-parto. Uma série de estudos mostraram que estes homens apresentam um risco significativamente maior de depressão e ansiedade quando comparados com aqueles cujas parceiras não apresentam depressão. A postura do pai também é muito importante para não agravar o quadro de humor da mulher.

Um dado de fundamental importância é que a resposta do homem à depressão pós-parto da companheira pode influenciar de maneira poderosa, para melhor ou para pior, o curso depressão da mulher. A maioria dos homens inicialmente ficam confusos e perplexos diante do quadro, mas dão apoio. No entanto, se a depressão se extende por meses, o apoio freqüentemente é retirado e o homem assume uma postura mais crítica ou até mesmo punitiva. Desta forma, é muito importante que os papais que estejam com dificuldade de lidar com a complicação de saúde da esposa procurem auxílio e orientação especializada, de profissional de saúde mental que tenha experiência na área.

O homem tende a considerar a irritabilidade da parceira (um dos sintomas de depressão pós-parto) e a sua falta de demonstração física de afeto muito mais difíceis de lidar do que a depressão em si, o pensamento negativo e o estado choroso típicos do quadro. O homem pode perceber este quadro como rejeição e reagir com raiva e ressentimento. Por sua vez, esta reação pode causar estresse adicional à mulher já deprimida, dando-se início ao primeiro dos inúmeros ciclos viciosos possíveis. Outras formas pouco adaptativas do pai de lidar com toda a situação podem surgir, como por exemplo, aumentar a ingestão de álcool.

O parceiro (e outros familiares) podem tender a progressivamente "assumir" os cuidados do bebê quando a parceira apresenta um quadro de depressão pós-parto. A mulher, por sua vez, pode perceber este fato como uma validação da sua "incompetência" e "inutilidade".

Quebra da capacidade de comunicar-se é muito comum nestes casais e isto, associado a outros estressores na relação pode, eventualmente, levar à separação. Se profissionais de saúde estiverem atentos a estes padrões, eles podem estar em ótima posição para ajudar romper estes ciclos viciosos e facilitar a recuperação da depressão.

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Fontes: (1) Condon Jt. What about dad? Psychosocial and mental health issues for new fathers. Australian Family Phisician 2006;35;690-92; (2) Condon JT, Boyce P, Corkindale CJ. The first time fathers study: a prospective study of the mental health and wellbeing of men during the transition to parenthood. Australian New Zealand Journal of Psychiatry 2004;38;56-64.

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Estudo revela que mães que usam classe comum de antidepressivo podem necessitar de auxílio no início da amamentação

Mulheres que estão em uso de antidepressivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) podem apresentar atraso na lactação após darem a luz, revela estudo a ser publicado em fevereiro de 2010 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM). Como esta classe de antidepressivos é extremamente utilizada e muito importante para muitas mulheres, isso pode significar que esta população necessite de uma assistência maior e mais orientação de profissionais de saúde e especialistas no início da amamentação.

São antidepressivos da classe dos ISRS a fluoxetina (Prozac), a paroxetina (Paxil CR, Aropax), a sertralina (Zoloft), a fluvoxamina (Luvox), o citalopram (Cipramil) e o escitalopram (Lexapro). Essas substâncias podem afetar a regulação da serotonina no seio materno o que pode atrasar o estabelecimento pleno da lactação, explica o co-autor do estudo Nelson Horseman da Universidade de Cincinnati. O estudo revelou que nas 431 novas mães observadas, as mulheres que utilizavam ISRS mostrou uma média de 85,8 horas para o início da lactação, enquanto que o grupo que não utilzava esta classe de medicação apresentou uma média de 69,1 horas para o mesmo evento.

Este achado pode auxiliar os profissionais de saúde a compreender e orientar melhor as mães que estejam fazendo uso destas medicações de forma a apoiá-las nas eventuais dificuldades iniciais enfrentadas e aumentar as chances de uma amamentação bem sucedida.

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Fontes: (1) Study data show SSRI antidepressant use may delay ability to breastfeed (FirstWord sm); (2) Antidepressants May Complicate Breast-Feeding (BusinessWeek), (3) Antidepressants linked to breastfeeding delay (CBC News); (4) Meds linked to low breast milk flow (Cincinnati Enquirer), (5) Common Antidepressant Drugs Linked to Lactation Difficulties in Moms (The Endocrine Society)

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domingo, 24 de janeiro de 2010

Nem tudo é mil maravilhas quando o seu filhote nasce

O puerpério (período que se inicia logo após o nascimento do bebê) é um momento de vida marcado por mudanças significativas de humor para a maioria das mamães. A maior parcela delas tem aquilo que se chama de "blues puerperal", mas algumas podem desenvolver um problema mais sério de saúde que é a depressão puerperal.


Foto de Eduardo Michelini
Nossa sociedade costuma pintar um quadro nada real do que é ser mãe de recém-nascido. Defende-se que tudo é maravilhoso, que você já se sente plena e completa assim que vê o seu bebê na sala de parto. Que o amor é imediato e a primeira vista. E a grande verdade é que para a maioria das mulheres não é assim. O puerpério imediato costuma ser marcado por muitas inseguranças, um senso de responsabilidade enorme por aquele ser pequeno e frágil que nasceu e por muito, mas muito cansaço. Noites mal dormidas são a regra, seios doloridos com a descida do leite, mamilos rachados e a dor do parto (na região da episiotomia ou da cesárea) são todos comemorativos do puerpério que poucos comentam com sinceridade nas rodinhas sociais. Talvez se não fantasiássemos tanto, como sociedade, o que é o puerpério, tantas mães não se surpreenderiam de forma tão intensa com as dificuldades (tão freqüentes e comuns) deste período.

Desta forma, uma conjunção de fatores biológicos (como as alterações hormonais, fatores genéticos, etc), físicos (cansaço, esgotamento, etc) e psicológicos (a maternidade, etc) interagem no puerpério de forma a predispor a mulher a algumas alterações de humor que são, essencialmente, de três tipos: (1) blues puerperal, (2) depressão puerperal e (3) psicose puerperal.

O blues puerperal (do inglês baby blues ou maternity blues) não é considerado uma doença, já que ocorre em cerca de 50 a 80% das puérperas e também não é caracaterizado por sintomas mais graves e não traz limitações para a mulher no seu dia a dia. Esta condição é caracterizada por choro, irritabilidade, mudanças rápidas de humor e até mesmo episódios de euforia, aparecendo em geral a partir do terceiro dia após o parto. Ele é tratado reassegurando-se a mamãe de que estes sintomas ocorrem na grande maioria das mulheres e que eles geralmente melhoram espontaneamente em uma semana a 10 dias. Em alguns casos menos comuns o blues puerperal pode evoluir para um transtorno pós-parto mais grave, como uma depressão pós-parto. No entanto esta é a exceção e não a regra.

Já a depressão pós-parto é uma condição que exige acompanhamento profissional e tratamento. Ela ocorre em cerca de 10 a 15% das mamães de primeira viagem e começa insidiosamente após a segunda a terceira semana após o parto e pode evoluir com piora da sintomatologia até meses subseqüentes. Duas características comum da depressão pós-parto são as múltiplas queixas físicas e a fadiga excessiva da mãe Outros sintomas presentes são a insônia, a anorexia, hipersonolência, tristeza extrema, sintomas ansiosos ou até mesmo ideação suicida. A mãe também pode referir se sentir completamente incapaz de cuidar de seu bebê. Episódios de depressão pós-parto devem ser tratados de forma incisiva, associando-se psicoterapia e medicação, já que quadros não tratados podem se tornar graves, freqüentes ou até mesmo não responsivos a tratamento futuro, com a mulher evoluindo para um quadro crônico e refratário de depressão.

Por fim, o quadro felizmente menos comum é a psicose pós-parto, que costuma acometer cerca de 0,2% das mães de primeira viagem. O quadro em geral se inicia entre o terceiro e o 14o. dia após o parto e começa com insônia, confusão mental, comportamento bizarro e evolui para alucinações e delírios transitórios. O quadro é altamente instável e muda o tempo todo, podendo aparecer quadros de aceleração e agitação extrema, seguidos por períodos de depressão profunda que dura vários dias ou semanas. A psicose pós-parto é extremamente grave, já que 4% das mulheres acomentidas acabam cometendo infanticídio (matam o bebê). Assim sendo, é de extrema importância que este quadro seja prontamente reconhecido e tratado, pelas potenciais conseqüências devastadoras que o seu não tratamento pode ter para o bebê, para a mãe, a família e a sociedade. O seu tratamento é feito com a imediata hospitalização da mãe (o que visa prevenir infanticídio e suicídio materno) associada ao uso de medicações e intervenções psicoterápicas. A orientação e apoio profissional à família também são de extrema importância.

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Fontes: (1) Parry BL. Postpartum psychiatric syndromes. In: Comprehensive Textbook of Psychiatry/VI. Editors: Kaplan HI and Sadock BJ. 6th ed. volume 1. pag. 1059-66, 1995, Willians and Wilkins.; (2) Callahen TL, Caughey AB ann Heffner LJ. Postpartum care and complications. Blueprints in Obstetrics, Blackwell Science, 1998


Foto: foto de Eduardo Michelini (clique aqui para acessar o site do fotógrafo)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Seu bebê dorme mal? Você pode estar estimulando maus hábitos de sono.

Bebês e pré-escolares podem "aprender insônia" com os pais. Saiba como prevenir e combater este grande mal, que pode interferir com a relação do casal e o rendimento profissional.

A "insônia aprendida", denominada no meio médico de insônia comportamental da infância (no inglês behavioral insomnia of childhood) é definida como dificuldade em conciliar ou manter o sono com uma causa comportamental clara. Este distúrbio é extremamente commum em bebês e pré-escolares, chegando a uma taxa de 10 a 30% desta população.

O subtipo associado ao início do sono (no inglês Sleep-Onset-Association type) é caracterizado pelo fato do bebê ou criança depender de estímulos, objetos ou ambientes para iniciar ou retornar ao sono. já o subtipo limites ambientais (no inglês Limit-Setting type) é tipicamente associado ao momento de colocar o bebê no berço (ou a criança na cama) ou a recusa a dormir resultante de limites ambientais inaadequados. Em geral crianças jovens tem aspectos de ambos os tipos.

A insônia comportamental da infância é prevenível com intervenções  precoces e educação dos pais  a respeito de habitos de sono apropriados como, por exemplo, rotinas regulares de sono e de horários, colocar a criança acordada no berço, para que ela aprenda a dormir sozinha.

O tratamento da insônia comportamental da infância começa com educar os pais a respeito de implementar hábitos de sono apropriados que em geral inclui alguma forma "extinção" (técnica comportamental) do comportamento não desejado (por exemplo, resistência a ir para a cama ou para o berço). São técnincas de extinção ignorar os comportamentos negativos da criança (choros, gritos ou pedidos para sair da cama) até ser hora do bebê/criança despertar-se. Existem abordagens mais graduais (e menos traumáticas para alguns pais!) que envolvem checagem do bebê/criança em intervalos pré-estabelecidos. Esta última abordagem é muito bem ensinada no livro "Nana, Nenê. Como resolver o problema de insônia do seu filho", dos autores Eduard Estivil e Sylvia de Béjar, da editora Martins Fontes.

Nos casos de pais que têm o desejo e disposição de implementar um plano por conta própria, educação a respeito de técnicas de extinção, informações na internet e/ou livros de auto-ajuda como o supra citado e o desenvolvimento colaborativo de um plano de extinção podem ser sufientes para resolver o problema. Para algumas famílias, como aquelas com queixas complexas e de longa duração, pode ser necessário o encaminhamento para um profissional de saúde mental.

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Fontes: (1) A Review of Pediatric Nonrespiratory Sleep Disorders. Chest 2006:130; páginas 1252 a1262; (2) "Nana, Nenê, como resolver o problema de insônia do seu filho" (livro dos autores Eduard Estivil e Sylvia de Béjar, da editora Martins Fontes)

Saúde mental também depende de saúde financeira

Muitos desconhecem a importância da tranqüilidade financeira para o bem estar emocional. O controle adequado dos gastos e fazer um bom pé de meia são essenciais para uma vida feliz não só a curto, mas a longo prazo também.

O autor Gustavo Cerbasi, mestre em administração pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) autor dos livros "Dinheiro - Os Segredos de Quem Tem" (Editora Gente) e "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (da mesma editora) dá dicas preciosas em suas publicações de como administrar o orçamento pessoal, seja junto ao parceiro, seja de forma individual.
Sugestões como fazer um planejamento financeiro e planilha mensal de gastos e entradas são recomendados: "O primeiro passo para a independência financeira é gastar menos do que se ganha, controlando o orçamento doméstico", diz Gustavo Cerbasi em seu livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos".

Entre outras recomendações do autor está a de fazer da poupança a prioridade número um do dia a dia, tanto na teoria como na prática. Uma das orientações para isso é já investir, assim que recebemos o salário, o valor estabelecido pela meta calculada no nosso planejamento financeiro. Muita disciplina e organização são necessários, mas o autor garante que atingir metas e a conseqüente tranqüilidade da estababilidade financeira são extremamente recompensadoras.

O autor também dá o alerta para aqueles que têm um padrão de vida não compatível com as próprias entradas. Este pode ser o caminho para o desastre financeiro e muito estresse a curto e longo prazo, com uma aposetnadoria vendendo os poucos recursos financeiros conquistados com o fim de pagar tratamentos caros de saúde, exemplifica.

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sábado, 16 de janeiro de 2010

Amamentar faz bem "para a cuca", principalmente do bebê!

Amamentar por mais de seis meses é bom para a saúde mental do filho, diz estudo

Foto de Eduardo Michelini
Crianças que são amamentadas por mais de seis meses podem ter menor risco de apresentar problemas de saúde mental mais tarde, segundo estudo australiano publicado no Journal of Pediatrics. De acordo com os pesquisadores, o aleitamento materno pode ajudar os bebês a lidar melhor com o estresse e sinalizar um maior vínculo entre mãe e filho, oferecendo benefícios duradouros.

A análise de mais de 2,3 mil crianças que passaram por avaliações de saúde mental aos dois, cinco, oito, dez e 14 anos de idade indicou que a amamentação por seis meses ou mais estava associada com melhor saúde mental e bem estar de crianças e adolescentes, independentemente de fatores sociais, econômicos e psicológicos. As crianças amamentadas por menos tempo apresentaram pior comportamento internalizado, como depressão, e externalizado, como agressão. E, para cada mês que o bebê era amamentado, seu comportamento se mostrava melhor.

De acordo com os autores, as mães que amamentavam por menos de seis meses eram mais jovens, com menor escolaridade, mais estressadas e tinham mais chances de serem fumantes do que as mães que amamentavam por mais tempo. Essas mulheres também tinham mais chances de terem sofrido depressão pós-parto, e seus bebês eram mais propensos a apresentarem problemas de crescimento.

"Intervenções direcionadas ao aumento da duração do aleitamento materno devem ser de benefício de longo prazo para a saúde mental de crianças e adolescentes", concluíram os autores.

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Fonte: The Journal of Pediatrics. 14 de dezembro de 2009. Artigo publicado no Clipping da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Foto: foto de Eduardo Michelini (clique aqui para acessar site do fotógrafo) 


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