sábado, 30 de janeiro de 2010

O pai e a depressão pós-parto

Aproximadamente um a cada 10 a 15 pais terão uma parceira com depressão pós-parto. Uma série de estudos mostraram que estes homens apresentam um risco significativamente maior de depressão e ansiedade quando comparados com aqueles cujas parceiras não apresentam depressão. A postura do pai também é muito importante para não agravar o quadro de humor da mulher.

Um dado de fundamental importância é que a resposta do homem à depressão pós-parto da companheira pode influenciar de maneira poderosa, para melhor ou para pior, o curso depressão da mulher. A maioria dos homens inicialmente ficam confusos e perplexos diante do quadro, mas dão apoio. No entanto, se a depressão se extende por meses, o apoio freqüentemente é retirado e o homem assume uma postura mais crítica ou até mesmo punitiva. Desta forma, é muito importante que os papais que estejam com dificuldade de lidar com a complicação de saúde da esposa procurem auxílio e orientação especializada, de profissional de saúde mental que tenha experiência na área.

O homem tende a considerar a irritabilidade da parceira (um dos sintomas de depressão pós-parto) e a sua falta de demonstração física de afeto muito mais difíceis de lidar do que a depressão em si, o pensamento negativo e o estado choroso típicos do quadro. O homem pode perceber este quadro como rejeição e reagir com raiva e ressentimento. Por sua vez, esta reação pode causar estresse adicional à mulher já deprimida, dando-se início ao primeiro dos inúmeros ciclos viciosos possíveis. Outras formas pouco adaptativas do pai de lidar com toda a situação podem surgir, como por exemplo, aumentar a ingestão de álcool.

O parceiro (e outros familiares) podem tender a progressivamente "assumir" os cuidados do bebê quando a parceira apresenta um quadro de depressão pós-parto. A mulher, por sua vez, pode perceber este fato como uma validação da sua "incompetência" e "inutilidade".

Quebra da capacidade de comunicar-se é muito comum nestes casais e isto, associado a outros estressores na relação pode, eventualmente, levar à separação. Se profissionais de saúde estiverem atentos a estes padrões, eles podem estar em ótima posição para ajudar romper estes ciclos viciosos e facilitar a recuperação da depressão.

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Fontes: (1) Condon Jt. What about dad? Psychosocial and mental health issues for new fathers. Australian Family Phisician 2006;35;690-92; (2) Condon JT, Boyce P, Corkindale CJ. The first time fathers study: a prospective study of the mental health and wellbeing of men during the transition to parenthood. Australian New Zealand Journal of Psychiatry 2004;38;56-64.

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As informações divulgadas neste blog não substituem aconselhamento profissional. Antes de tomar qualquer decisão, procure um médico.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Estudo revela que mães que usam classe comum de antidepressivo podem necessitar de auxílio no início da amamentação

Mulheres que estão em uso de antidepressivos da classe dos inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) podem apresentar atraso na lactação após darem a luz, revela estudo a ser publicado em fevereiro de 2010 no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism (JCEM). Como esta classe de antidepressivos é extremamente utilizada e muito importante para muitas mulheres, isso pode significar que esta população necessite de uma assistência maior e mais orientação de profissionais de saúde e especialistas no início da amamentação.

São antidepressivos da classe dos ISRS a fluoxetina (Prozac), a paroxetina (Paxil CR, Aropax), a sertralina (Zoloft), a fluvoxamina (Luvox), o citalopram (Cipramil) e o escitalopram (Lexapro). Essas substâncias podem afetar a regulação da serotonina no seio materno o que pode atrasar o estabelecimento pleno da lactação, explica o co-autor do estudo Nelson Horseman da Universidade de Cincinnati. O estudo revelou que nas 431 novas mães observadas, as mulheres que utilizavam ISRS mostrou uma média de 85,8 horas para o início da lactação, enquanto que o grupo que não utilzava esta classe de medicação apresentou uma média de 69,1 horas para o mesmo evento.

Este achado pode auxiliar os profissionais de saúde a compreender e orientar melhor as mães que estejam fazendo uso destas medicações de forma a apoiá-las nas eventuais dificuldades iniciais enfrentadas e aumentar as chances de uma amamentação bem sucedida.

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Fontes: (1) Study data show SSRI antidepressant use may delay ability to breastfeed (FirstWord sm); (2) Antidepressants May Complicate Breast-Feeding (BusinessWeek), (3) Antidepressants linked to breastfeeding delay (CBC News); (4) Meds linked to low breast milk flow (Cincinnati Enquirer), (5) Common Antidepressant Drugs Linked to Lactation Difficulties in Moms (The Endocrine Society)

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domingo, 24 de janeiro de 2010

Nem tudo é mil maravilhas quando o seu filhote nasce

O puerpério (período que se inicia logo após o nascimento do bebê) é um momento de vida marcado por mudanças significativas de humor para a maioria das mamães. A maior parcela delas tem aquilo que se chama de "blues puerperal", mas algumas podem desenvolver um problema mais sério de saúde que é a depressão puerperal.


Foto de Eduardo Michelini
Nossa sociedade costuma pintar um quadro nada real do que é ser mãe de recém-nascido. Defende-se que tudo é maravilhoso, que você já se sente plena e completa assim que vê o seu bebê na sala de parto. Que o amor é imediato e a primeira vista. E a grande verdade é que para a maioria das mulheres não é assim. O puerpério imediato costuma ser marcado por muitas inseguranças, um senso de responsabilidade enorme por aquele ser pequeno e frágil que nasceu e por muito, mas muito cansaço. Noites mal dormidas são a regra, seios doloridos com a descida do leite, mamilos rachados e a dor do parto (na região da episiotomia ou da cesárea) são todos comemorativos do puerpério que poucos comentam com sinceridade nas rodinhas sociais. Talvez se não fantasiássemos tanto, como sociedade, o que é o puerpério, tantas mães não se surpreenderiam de forma tão intensa com as dificuldades (tão freqüentes e comuns) deste período.

Desta forma, uma conjunção de fatores biológicos (como as alterações hormonais, fatores genéticos, etc), físicos (cansaço, esgotamento, etc) e psicológicos (a maternidade, etc) interagem no puerpério de forma a predispor a mulher a algumas alterações de humor que são, essencialmente, de três tipos: (1) blues puerperal, (2) depressão puerperal e (3) psicose puerperal.

O blues puerperal (do inglês baby blues ou maternity blues) não é considerado uma doença, já que ocorre em cerca de 50 a 80% das puérperas e também não é caracaterizado por sintomas mais graves e não traz limitações para a mulher no seu dia a dia. Esta condição é caracterizada por choro, irritabilidade, mudanças rápidas de humor e até mesmo episódios de euforia, aparecendo em geral a partir do terceiro dia após o parto. Ele é tratado reassegurando-se a mamãe de que estes sintomas ocorrem na grande maioria das mulheres e que eles geralmente melhoram espontaneamente em uma semana a 10 dias. Em alguns casos menos comuns o blues puerperal pode evoluir para um transtorno pós-parto mais grave, como uma depressão pós-parto. No entanto esta é a exceção e não a regra.

Já a depressão pós-parto é uma condição que exige acompanhamento profissional e tratamento. Ela ocorre em cerca de 10 a 15% das mamães de primeira viagem e começa insidiosamente após a segunda a terceira semana após o parto e pode evoluir com piora da sintomatologia até meses subseqüentes. Duas características comum da depressão pós-parto são as múltiplas queixas físicas e a fadiga excessiva da mãe Outros sintomas presentes são a insônia, a anorexia, hipersonolência, tristeza extrema, sintomas ansiosos ou até mesmo ideação suicida. A mãe também pode referir se sentir completamente incapaz de cuidar de seu bebê. Episódios de depressão pós-parto devem ser tratados de forma incisiva, associando-se psicoterapia e medicação, já que quadros não tratados podem se tornar graves, freqüentes ou até mesmo não responsivos a tratamento futuro, com a mulher evoluindo para um quadro crônico e refratário de depressão.

Por fim, o quadro felizmente menos comum é a psicose pós-parto, que costuma acometer cerca de 0,2% das mães de primeira viagem. O quadro em geral se inicia entre o terceiro e o 14o. dia após o parto e começa com insônia, confusão mental, comportamento bizarro e evolui para alucinações e delírios transitórios. O quadro é altamente instável e muda o tempo todo, podendo aparecer quadros de aceleração e agitação extrema, seguidos por períodos de depressão profunda que dura vários dias ou semanas. A psicose pós-parto é extremamente grave, já que 4% das mulheres acomentidas acabam cometendo infanticídio (matam o bebê). Assim sendo, é de extrema importância que este quadro seja prontamente reconhecido e tratado, pelas potenciais conseqüências devastadoras que o seu não tratamento pode ter para o bebê, para a mãe, a família e a sociedade. O seu tratamento é feito com a imediata hospitalização da mãe (o que visa prevenir infanticídio e suicídio materno) associada ao uso de medicações e intervenções psicoterápicas. A orientação e apoio profissional à família também são de extrema importância.

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Fontes: (1) Parry BL. Postpartum psychiatric syndromes. In: Comprehensive Textbook of Psychiatry/VI. Editors: Kaplan HI and Sadock BJ. 6th ed. volume 1. pag. 1059-66, 1995, Willians and Wilkins.; (2) Callahen TL, Caughey AB ann Heffner LJ. Postpartum care and complications. Blueprints in Obstetrics, Blackwell Science, 1998


Foto: foto de Eduardo Michelini (clique aqui para acessar o site do fotógrafo)

domingo, 17 de janeiro de 2010

Seu bebê dorme mal? Você pode estar estimulando maus hábitos de sono.

Bebês e pré-escolares podem "aprender insônia" com os pais. Saiba como prevenir e combater este grande mal, que pode interferir com a relação do casal e o rendimento profissional.

A "insônia aprendida", denominada no meio médico de insônia comportamental da infância (no inglês behavioral insomnia of childhood) é definida como dificuldade em conciliar ou manter o sono com uma causa comportamental clara. Este distúrbio é extremamente commum em bebês e pré-escolares, chegando a uma taxa de 10 a 30% desta população.

O subtipo associado ao início do sono (no inglês Sleep-Onset-Association type) é caracterizado pelo fato do bebê ou criança depender de estímulos, objetos ou ambientes para iniciar ou retornar ao sono. já o subtipo limites ambientais (no inglês Limit-Setting type) é tipicamente associado ao momento de colocar o bebê no berço (ou a criança na cama) ou a recusa a dormir resultante de limites ambientais inaadequados. Em geral crianças jovens tem aspectos de ambos os tipos.

A insônia comportamental da infância é prevenível com intervenções  precoces e educação dos pais  a respeito de habitos de sono apropriados como, por exemplo, rotinas regulares de sono e de horários, colocar a criança acordada no berço, para que ela aprenda a dormir sozinha.

O tratamento da insônia comportamental da infância começa com educar os pais a respeito de implementar hábitos de sono apropriados que em geral inclui alguma forma "extinção" (técnica comportamental) do comportamento não desejado (por exemplo, resistência a ir para a cama ou para o berço). São técnincas de extinção ignorar os comportamentos negativos da criança (choros, gritos ou pedidos para sair da cama) até ser hora do bebê/criança despertar-se. Existem abordagens mais graduais (e menos traumáticas para alguns pais!) que envolvem checagem do bebê/criança em intervalos pré-estabelecidos. Esta última abordagem é muito bem ensinada no livro "Nana, Nenê. Como resolver o problema de insônia do seu filho", dos autores Eduard Estivil e Sylvia de Béjar, da editora Martins Fontes.

Nos casos de pais que têm o desejo e disposição de implementar um plano por conta própria, educação a respeito de técnicas de extinção, informações na internet e/ou livros de auto-ajuda como o supra citado e o desenvolvimento colaborativo de um plano de extinção podem ser sufientes para resolver o problema. Para algumas famílias, como aquelas com queixas complexas e de longa duração, pode ser necessário o encaminhamento para um profissional de saúde mental.

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Fontes: (1) A Review of Pediatric Nonrespiratory Sleep Disorders. Chest 2006:130; páginas 1252 a1262; (2) "Nana, Nenê, como resolver o problema de insônia do seu filho" (livro dos autores Eduard Estivil e Sylvia de Béjar, da editora Martins Fontes)

Saúde mental também depende de saúde financeira

Muitos desconhecem a importância da tranqüilidade financeira para o bem estar emocional. O controle adequado dos gastos e fazer um bom pé de meia são essenciais para uma vida feliz não só a curto, mas a longo prazo também.

O autor Gustavo Cerbasi, mestre em administração pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP) autor dos livros "Dinheiro - Os Segredos de Quem Tem" (Editora Gente) e "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos" (da mesma editora) dá dicas preciosas em suas publicações de como administrar o orçamento pessoal, seja junto ao parceiro, seja de forma individual.
Sugestões como fazer um planejamento financeiro e planilha mensal de gastos e entradas são recomendados: "O primeiro passo para a independência financeira é gastar menos do que se ganha, controlando o orçamento doméstico", diz Gustavo Cerbasi em seu livro "Casais Inteligentes Enriquecem Juntos".

Entre outras recomendações do autor está a de fazer da poupança a prioridade número um do dia a dia, tanto na teoria como na prática. Uma das orientações para isso é já investir, assim que recebemos o salário, o valor estabelecido pela meta calculada no nosso planejamento financeiro. Muita disciplina e organização são necessários, mas o autor garante que atingir metas e a conseqüente tranqüilidade da estababilidade financeira são extremamente recompensadoras.

O autor também dá o alerta para aqueles que têm um padrão de vida não compatível com as próprias entradas. Este pode ser o caminho para o desastre financeiro e muito estresse a curto e longo prazo, com uma aposetnadoria vendendo os poucos recursos financeiros conquistados com o fim de pagar tratamentos caros de saúde, exemplifica.

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sábado, 16 de janeiro de 2010

Amamentar faz bem "para a cuca", principalmente do bebê!

Amamentar por mais de seis meses é bom para a saúde mental do filho, diz estudo

Foto de Eduardo Michelini
Crianças que são amamentadas por mais de seis meses podem ter menor risco de apresentar problemas de saúde mental mais tarde, segundo estudo australiano publicado no Journal of Pediatrics. De acordo com os pesquisadores, o aleitamento materno pode ajudar os bebês a lidar melhor com o estresse e sinalizar um maior vínculo entre mãe e filho, oferecendo benefícios duradouros.

A análise de mais de 2,3 mil crianças que passaram por avaliações de saúde mental aos dois, cinco, oito, dez e 14 anos de idade indicou que a amamentação por seis meses ou mais estava associada com melhor saúde mental e bem estar de crianças e adolescentes, independentemente de fatores sociais, econômicos e psicológicos. As crianças amamentadas por menos tempo apresentaram pior comportamento internalizado, como depressão, e externalizado, como agressão. E, para cada mês que o bebê era amamentado, seu comportamento se mostrava melhor.

De acordo com os autores, as mães que amamentavam por menos de seis meses eram mais jovens, com menor escolaridade, mais estressadas e tinham mais chances de serem fumantes do que as mães que amamentavam por mais tempo. Essas mulheres também tinham mais chances de terem sofrido depressão pós-parto, e seus bebês eram mais propensos a apresentarem problemas de crescimento.

"Intervenções direcionadas ao aumento da duração do aleitamento materno devem ser de benefício de longo prazo para a saúde mental de crianças e adolescentes", concluíram os autores.

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Fonte: The Journal of Pediatrics. 14 de dezembro de 2009. Artigo publicado no Clipping da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Foto: foto de Eduardo Michelini (clique aqui para acessar site do fotógrafo) 


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